terça-feira, 23 de novembro de 2010
Tortura: uma estratégia do regime militar
O Regime Militar foi instaurado pelo golpe de 1º de abril de 1964, como conseqüência direta de uma série de “tendências e contradições” que vinham acontecendo nos anos imediatamente anteriores. No plano político, o regime militar foi marcado pelo autoritarismo, pela supressão dos direitos constitucionais, pela perseguição política, prisão e tortura dos opositores e pela imposição da censura prévia aos meios de comunicação.
Na economia há uma rápida diversificação e modernização da indústria e serviços, sustentada por mecanismos de concentração de renda, endividamento externo e abertura ao capital estrangeiro.
A equipe do “Projeto Brasil Nunca Mais”, coordenada pelo cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, da Arquidiocese de São Paulo, se encarregou de pesquisar todo o processo político do período ditatorial que compreende as décadas de 60 e 70, e seus aparatos repressivos, o que resultou em um livro que traz um relato histórico do que de fato acontecia nos bastidores do regime.
O livro traz grandes revelações, apesar de não fazer uma análise aprofundada do tema, sendo contudo, de grande relevância para a aquisição de conhecimentos dos mais leigos no assunto.
São apontadas, no livro, entre outras coisas, as formas de tortura que eram utilizadas pelos carrascos da ditadura, um conjunto de práticas que quando não matava, deixava danos irreparáveis à psique humana, pois as lembranças do sofrimento jamais foram apagadas da memória de quem o viveu.
As seqüelas deixadas pela tortura eram de tamanha dimensão que muitos presos desejaram-se levar pela morte para se livrar delas. Um caso que pode exemplificar bem a situação foi o do Frei Tito de Alencar Lima, que mesmo após escapar da morte numa tentativa de suicídio na prisão em 1970, enforcou-se anos depois, já no exílio, por não suportar as lembranças das brutalidades sofridas enquanto torturado.
Dom Paulo Evaristo Arns (1985) analisou o processo de tortura no Brasil, dizendo que está ocupou a condição de instrumento rotineiro nos interrogatórios sobre atividades de oposição ao regime, principalmente a partir do ano de 1964. A tortura foi um fator transformador do cotidiano da vida nacional, porque as estruturas do Estado passavam por um processo de endurecimento e exclusão do direito de participação popular da vida nacional, através de um poderoso sistema de repressão e controle. Em seu ponto de vista “a tortura, além de desumana, é o meio mais inadequado para levar-nos a descobrir a verdade e chegar à paz”. (ARNS, 1985, p.11).
Contrários aos princípios que regem os direitos humanos (estes princípios foram definidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada e adotada pela Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU) em dezembro de 1948.), ao respeito à integridade física e moral do homem, militares brasileiros, nas décadas de 60 e 70, se transformaram em agentes implacáveis da prática repressiva, utilizando os mais sofisticados métodos de tortura importados dos países imperialistas, especialmente dos Estados Unidos. (HUGGINS, 1998)
Pau-de-arara, choque elétrico e afogamento foram algumas das torturas utilizadas para reprimir as manifestações e arrancar informações sobre as atividades de grupos e pessoas ligadas à oposição durante a ditadura militar. As ações “subversivas” se intensificaram, como se os militantes de esquerda nada temessem. Era o ápice da coragem de uma leva de cidadãos em sua maioria jovens, politizados ou em processo de politização, que se dispunham a tudo, até à morte, em defesa dos seus ideais.
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